quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Sobre "primeiros dias" e sobre as escolhas que se renovam - enquanto o tempo não para de passar.

Desde os meus 11 anos de idade que tenho essa mania - que eu chamaria de boa - de escrever em blogs. Tenho 29 e me recuso a continuar ignorando essa vontade de escrever uma porção de coisas quaisquer e, então, me conectar com pessoas que, talvez, eu nunca venha a encontrar pessoalmente. O que, de fato, não é um problema, já que palavra também é encontro.

Aos 11 anos, eu escrevia com muito mais tranquilidade do que agora. O que me deixa saudosa quanto a Laysla espontânea que eu, um dia, fui. Será que dá tempo de reencontrá-la em alguma dessas linhas? Eu espero que sim. Espero, não: escolho que sim.

Nessa onda de estudar a Psicologia Fenomenológico-Existencial, tenho pensado sobre escolhas... Pensado que, em determinado nível, tudo é escolha (depois, é claro, daquilo que a gente já se depara quando nasce ao ser lançado nesse mundão, sem poder escolher nada). Depois disso, escolha e responsabilidade. Estou para entender melhor essa coisa toda. Se eu entender, prometo que venho contar o que significa. Por enquanto, escolho reencontrar a Laysla espontânea, aquela dos 11 anos, nessas linhas que vão ganhando algum sentido conforme escrevo mais e mais.

Engraçado... Vira-e-mexe, eu me pego perguntando a mim mesma o que me falta para que eu me entenda como escritora. Falta um livro? Será que aquele em que eu imprimi meus poemas em papel vergê e confeccionei a própria capa com papel panamá (ou é paraná?) não conta? Poderia contar, poxa. Poderia, ao menos para mim, contar. Ou será mesmo que eu vou ficar esperando alguém bater a mão no meu ombro e dizer "Laysla, agora, sim, você é escritora". A gente nem está podendo tocar nas pessoas nesses tempos de pandemia, ora. Mais uma razão para que eu não espere um toque nos ombros para definir algo que, aqui dentro, eu já sei: sou escritora. Ao menos, para mim. Ao menos, hoje, eu sou o que eu quiser ser. Amanhã, eu já não sei. 

Olhe só, que loucura! Era assim a Laysla de 11 anos de idade: espontânea. Ela ficaria orgulhosa de mim agora.

Já são 00:33, então, hoje já é dia 1 de setembro. E eu tenho um apreço especial pelos primeiros dias. Eles tem algo de novo e de leve. Primeiros dias são frescos e têm muita coragem! Que beleza que tenha calhado essa enxurrada de palavras logo nesse dia 1. A gente conta com a aura de sorte desses começos e promete umas coisas também... Sabe como é, não é? Então, fica prometido, aqui, que o blog estará ativo a partir de hoje, cheio de ar nos pulmões. Respira fundo por aí também. Encha seus pulmões de ar (use máscara!) e vamos ver se a gente dá um jeito de ser mais leve - sabe-se lá como - e sai flutuando junto, por aí, como aqueles balões de festa brancos que são soltos ao ar nos primeiros dias do ano, leves e esperançosos.

Eu acho que a vida é mais fácil quando a gente não está sozinho, sabe? É sobre isso. Feliz dia 1!


Carinho, Lay.

sábado, 13 de março de 2021

Falta.

Acordei há horas e ainda não tenho nenhuma certeza com a qual contar. Me atenho aos gatos que miam, pedindo por ração fresca; à necessidade de vestir pouca roupa porque faz um calor escaldante; à xícara de café que eu não deveria ter tomado, tanto porque faz calor, quanto porque só aumenta a ansiedade. Vou me apegando às pequenezas do dia, só para ver se - por um minuto que seja - eu me esqueço do que falta. Os encontros, meus pais, meu irmão. Minhas queridas amigas que não vejo... Há quanto tempo não as vejo? As viagens descomprometidas para Minas Gerais e Paraty. Ah, que saudade de cachoeira!

Ligo a TV a fim de que algum ruído me preencha e o que tenho, em contrapartida, são vozes infindáveis que vão me abrindo como mãos que rasgam à força um tecido frágil. Vozes dizendo que a vida escoa. Vozes dizendo que falta. Falta gente. Falta mais gente a cada dia. Desligo a TV e tento me enfurnar num livro. Me encher, nem que seja de palavra lida. E é uma pena que a cabeça não tenha, nessas horas aflitas, o mesmo plano que minhas mãos. O mar está próximo e, pasme, me parece que não o vejo há meses. Onde será que tenho orbitado enquanto a vida lá fora esfarela e tento preencher os dias e respiros com algo de concreto? Onde?!

Tenho certeza de tão poucas coisas... Uma delas é essa: se algo existe é a falta. Me resta, então, deixar a falta aparecer e tentar dormir em mais um noite quente, oca e sem respostas.

Laysla Machado.

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Caldo de ervilha.

 

Há cerca de um ano, Rodolfo se mudou para um condomínio. Ele dizia não ser adepto a essas “coisas de rico”, mas seus nervos sensíveis não deram conta de ouvir os tiros no antigo bairro onde morava.

Desembolsou uma grana alta de suas economias para acertar os três meses de caução e seguiu rumo à "vida mesquinha", porém silenciosa, do condomínio. Já nos primeiros dias em que lá estava, fez questão de conversar com todos os funcionários. Falou sobre o clima, sobre futebol e sobre os problemas psicológicos que enfrentara no passado.

Seu Chico, um dos vigias que conheceu primeiro, sabia bem o que era a sensação de taquicardia, que chamou de “coração saindo pela boca e falta de ar doida que só”. Mas esclareceu a Rodolfo que não tinha tempo para pensar nessas coisas. Precisava ir trabalhar com o coração calmo, acelerado ou sem coração, até. Faltar ao trabalho é que não podia.

Numa noite fria de junho, Rodolfo preparou caldo de ervilha. Gentil que era – um bom homem que enxerga os demais – teve a ideia de oferecê-lo ao Seu Chico. Levou a tigela cheinha até o vigia e, com um sorriso contido no rosto, disse: “Trouxe caldo de ervilha para o senhor”. “Não gosto de caldo de ervilha, obrigado!” – disse Seu Chico, com a calma de quem fala a um amigo.

Rodolfo se esforçou bastante para não parecer contrariado; principalmente, para ele mesmo. Que boa vontade tivera, não? Ora, parece que Seu Chico é gente. E gente daquelas que não gostam de caldo de ervilha, afinal.


- Por Laysla Machado.

domingo, 28 de junho de 2020

Silêncio.

"Foi assim
No dia em que todas as pessoas
Do planeta inteiro
Resolveram que ninguém ia sair de casa
Como que se fosse combinado em todo o planeta
Naquele dia, ninguém saiu de casa, ninguém."

Raul Seixas não poderia prever que O dia em que a terra parou se tornaria real. Ou previu, vai saber. Lá fora, pararam os dias. Foi como se o tempo houvesse se transformado em algo tão, mas tão novo, que tivemos - todos - dificuldades em reconhecê-lo. Sozinhos, todos. Fazendo, enfim, morada... Em nós mesmos. Nos dias em que a Terra parou.

O tempo - que demoramos a reconhecer nesses dias - começou a perguntar coisas demais. E eu, distraída toda a vida, não sabia que dentro do silêncio que o tempo traz cabe tanta palavra. No quarto bagunçado que a cabeça é, pela primeira vez, as palavras ecoam alto demais, como se há tempos estivessem esperando o lado de fora fazer silêncio. E fez. Nos dias em que a Terra parou.

Ouvi, dias atrás, que estamos todos no mesmo mar revolto, finalmente. Mas, que evidente fique: nunca no mesmo barco. A menina que escreve frases poéticas daquela página bucólica que leio deixou bem claro: tem gente que nem barco tem. É nisso que a gente pensa, quando tem tempo.

Não há lugar onde chegar com isso que, aqui e agora, escrevo. Porque a Terra ainda não voltou a girar. Mas as palavras gritam, dentro. E, a cada dia, mais alto. "Maluco que sou."

Laysla.




terça-feira, 21 de abril de 2020

Um lugar que ninguém mais conhece.


Nunca antes – ao menos não nessa vida -, eu havia mergulhado em águas tão cristalinas. Nesse lugar que só eu conheço, um rio profundo e inerte vive, com a força de tudo aquilo que é animado. Contemplo esse rio profundo, cristalino, que repousa entre duas altas paredes de terra laranja. E mesmo que suas águas não se movimentem, eu posso sentir que ele pulsa. Ele pulsa comigo. Azul. E cristalino. E mais azul. Não sei explicar como.

Tudo nesse rio me convida ao mergulho. E eu vou, como se dele fizesse parte. No meu corpo, corre uma alegria profunda como ele. Uma alegria de contentamento. Uma alegria de “finalmente, tudo está bem”. Alegria de que somos, o rio e eu. Um.

Sua profundidade não me assusta. Eu fluo por ele com a delicadeza de uma barbatana. Mais que isso: eu fluo por ele como se seu movimento fosse o meu. Eu sou a força que o move. E logo ele se desfaz daquela primeira característica com a qual se apresentou a mim... Imóvel, inerte. Vivemos, um no outro. Eu, rio. Ele, eu.

- Ninguém mais conhece esse lugar. – sorrio. Sou rio.

sábado, 18 de abril de 2020

Pode se achegar.


Ela o chamou para entrar, ainda que dividida entre o pedido do corpo e a preocupação da mente. A casa vivia uma bagunça desde dezembro. Mas não era hora de se preocupar. Esperou, sem saber, por essa visita há tanto tempo que algumas roupas no chão e xícaras sujas de café não impediriam que ele, finalmente, entrasse.

- Pode se achegar. - Ela disse, sorrindo.

Recolheu as roupas do chão, aquelas que conseguiu ver, com os olhos apressados. Pôs as xícaras na pia e, mais do que depressa, juntou os papeis espalhados sobre a mesa. Eram os seus últimos rascunhos de textos, ainda esperando por qualquer significado. De amor, quem sabe.

- Esses são os seus escritos? – ele perguntou.
- Tentativas frustradas, eu diria. – ela respondeu.

Ele pediu, com os olhos, permissão para lê-los e ali se demorou. Não piscava enquanto lia. Enquanto a lia. Foi quando ela reparou como num frame, o quanto ele cabia bem naquele espaço. Naquela cadeira de segunda mão. Naquela mesa desgastada pelo tempo em que ela, todos os dias, se debruçava e entregava um pouco de si, à caneta. Mal sabe ele que, se assim quisesse, ela se entregaria novamente. Nua e inteira, a ele, nas próximas horas. Ou nos próximos anos.

[Texto inspirado na canção "Pode Se Achegar".] 

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Pequenos feitos.

Se aqui surgimos foi para viver. E se é para viver, que dentro de cada dia que experimento caiba um tanto de felicidade. E ela pode ser simples. 

Nem todos os dias escreverei um livro. Não serei promovida 365 dias por ano. Uma viagem incrível para um lugar incrível não me aguarda a cada 24 horas. Não posso parir um filho por dia. Nem me sentir linda toda vez que me olhar no espelho. Mas, dá para ser simples. E feliz. Dá para apreciar uma refeição bem feita, mesmo que seja arroz e feijão. Dá para abrir o livro já lido e reler as citações marcantes sublinhadas à lápis. Dá para cantar a minha música favorita do Arnaldo Antunes. Escovar os dentes assim que acordar. Lavar as mãos com sabonete e sentir o perfume (que é comum, mas bom). Aproveitar e já lavar o rosto. Pentear os cabelos com calma. Escrever um verso, que seja, de um novo poema. Dá para dar ouvidos - e colo também - a quem eu amo. E beber um copo d'água fresca antes de me deitar para dormir.

Se a felicidade não puder ser constantemente excepcional, não me importa. Me basta que ela venha - mesmo que em pequenos feitos - todos os dias.

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Centelha divina.

Sabe o que é mais triste? É que em minha cabeça ecoa uma voz que sempre pergunta: “Quem você acha que é para tanto?”. Essa voz, que se faz de amiga, mas na verdade é uma traidora, insiste em me fazer sentir que sou menos. Afinal, o que uma mulher de 27 anos, que ainda sabe pouco da vida, teria de necessário, de significante para dizer ao mundo?

São absurdos como esse que sou obrigada a ouvir. E o mais assustador é que calar essa voz parece ser impossível, a depender da força e energia que emano quando a ouço. De certo, tantas outras pessoas também ouvem vozes similares. Elas martelam incertezas, desvalidam potências, bloqueiam o poder de criação que existe dentro, seja a gente quem for, independente de onde viemos ou de onde estamos hoje.

Ouvi, dia desses, uma reflexão bonita de uma terapeuta que, mesmo em um processo de autodesenvolvimento forte e verdadeiro, também “ouve vozes”. Ela disse algo sobre existir uma centelha divina dentro de cada ser humano. Pode parecer pueril, pode parecer até mesmo imaturo, mas essa afirmação ecoou tão forte dentro de mim quanto aquela voz que sempre questiona e duvida. Se eu posso dar ouvidos à voz pessimista, por que então eu não poderia dar uma chance de abraçar uma mensagem doce como essa?

Centelha divina! Que lindo é pensar nisso. Vejo, ao meu redor, exemplares excepcionais do que venha a ser o divino.  Porque existe vida onde quer que eu olhe. No rio que corre há vida.  No sol que nasce e se põe todos os dias há vida.  Na flor que brota “sozinha” num canteiro há vida.  Deve ser isso o que aquela terapeuta chamou de “divino”. E, se existe algo em mim que flui e pede por ser manifestado no mundo, porque não seria mais um exemplar da centelha divina?

Somos viciados em termos o controle de tudo. Viciados em sermos os responsáveis, os criadores, os donos daquilo que vem de dentro. Mas, contrariando essa tendência, assumo: nem tudo aquilo que crio é de minha autoria, pura e simplesmente. Seria muita vaidade dizer que aquilo que manifesto é só meu. Não é.

Existe muito de rio fluindo, de sol nascendo e se pondo, de flor desabrochando nisso tudo.

Centelha divina...

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Ouvidos desatentos.

Ando tendo alguns impasses com conversas. Ando, também, muito exigente com elas e tantas outras coisas (que, agora, não vêm ao caso). 

Não tenho tido muitas experiências presenciais. Minha atual rotina de trabalho muito me impacta quanto ao contato físico com os outros. Ando mais virtual que nunca. E, sabe... Eu não estou reclamando. Me sobra, então, bastante energia para prestar atenção nas poucas conversas não-virtuais que tenho em dias livres. 

E o que ocorre (e corrói) é, mais ou menos, assim... 

Lá estou eu, conversa vem, conversa vem (não vai, nesse caso), me perguntando: "Essa pessoa quer mesmo me ouvir?". Algo me diz - observando trejeitos agitados, fala acelerada, pouca calma, aguda entonação - que não. A sensação que sempre acaba me invadindo nessas tais conversas é a de que a muita gente só precisa falar. Falam. Falam. Falam. E vão embora. 

Às vezes, precisam. Afinal, desabafar é mesmo preciso e cura. E, francamente, se assim for, até gosto. Sinal de que esse alguém me considera confiável, digna de ouvir seus sentimentos. E eu posso ouvir. Gosto, mesmo, do desabafo. Mas, se não for, uma conversa não deveria ser "troca"?

O problema só surge quando ela não é uma troca. Torna-se um monólogo. Pergunto, em silêncio: "Ei, você está mesmo me vendo aqui?". Fico procurando pelos olhos do outro, sem sucesso. Toda aquela fala infindável seria apenas o ego tentando provar algo? Sim, procuram provar algo. Geralmente, querem provar que estão... Certos. 

E, assim, eu fico cansada. Exausta, em questão de minutos. A conversa, em essência, tem duas ou mais vozes, diversas opiniões e, obviamente, muitos ouvidos interessados. Deveras, me cansam as pessoas que não querem usar os ouvidos. Para essas, me dá vontade de não mais ceder os meus.

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Perdendo o controle.

É impossível fazer do futuro, presente, se a hora [dele] ainda não chegou. Mas, esse é o vício dos ansiosos: viver - agora - o que só ao futuro cabe. E, me diga: Nessas condições de futuro ocupando o lugar do presente, onde é que esse presente caberá? Antecipar é desperdício de energia. Antecipar é desperdício de momento. Antecipar é desperdício de presença. Se fechar os olhos e fizer silêncio, poderá ouvir o lamento de um ansioso qualquer: "Por que me precipitei? Nada do que eu pensava se fez." 

E nada será feito como se pensa, nunca. Nem por mim, nem por ninguém. Há uma subjetividade inerente aos fatos futuros e, por mais que as mãos controladoras tentem aferi-los, mensurá-los, medi-los, escapam como areia pelos dedos. Eles fazem parte do futuro, fluido e disforme. Quisera pudéssemos nos lembrar a tempo [sempre ele] de que o futuro é reflexo. O que virá é cor e luz do que agora é, mas já será outra coisa. O reflexo nunca é a coisa em si, ainda que pareça. Assim, poderíamos nos livrar da necessidade da previsão do que será. E, finalmente, faríamos as pazes com o fato de que não temos o controle de tudo.

sábado, 9 de março de 2019

Criança sabe ser amigo.

Dos pormenores da vida de adulto, lidar com a amizade é contínua aprendizagem. É que, quando criança, a força da cria[ção]tividade faz com que as amizades nasçam. O solo é fértil e imaculado. Na pureza da ausência de responsabilidades; na espontaneidade do aqui-agora; no prazer inenarrável do "quer brincar comigo?", nasce o amigo. 

Amigo-criança não se preocupa com o que o outro estará pensando dele. Tampouco se pergunta "com quem ele brincará amanhã, senão comigo?". Não há autojulgamento no universo amigável de uma criança. E aí, tudo flui. Até que a gente cresce.

Cresce, junto aos medos sutis que emaranham, dia após dia, a complexidade do que é ser adulto. Então, o amigo-criança dá lugar a um ser disforme, que nem rosto tem; que quer ser simpático, mas quer ser aceito também. Recua. Mais "pensa" a alegria do que, deveras, sente. O adulto, quando se deixa levar, inconsciente, cria um véu de insegurança que envolve suas relações. 

É preciso buscar fundo. É preciso ser vulnerável ao incerto do infantil. Porque o amigo-criança, creio eu, ainda estará lá, se procurar por ele. Sentadinho, quietinho, lá dentro de si. Esperando por alguém que pergunte, sem medo: "quer brincar comigo?". E, então, ele irá. Reflorescido.